Olá, leitora e leitor. Tudo bem?
Sim, mulheres escrevem romances policiais. E levanta a mão aí quem não pensou em Agatha Christie só de ler o título desta News?
Mas hoje não é dela que quero falar, embora tenha lido muitos de seus mais de 80 livros publicados no Brasil e a ame de paixão. Cheguei até, durante minha adolescência, a travar uma batalha íntima, que me instigou por anos a fio, porque não conseguia definir de quem gostava mais, se de Hercule Poirot ou a da graciosa Miss Marple, dois personagens inesquecíveis criados pela Dama do Crime (hoje sei que minha preferência sempre foi Miss Marple).
Agatha Christie, a inesquecível “Dama do Crime” (foto Divulgação)
Abordarei Agatha Christie em outro momento, porque hoje vou começar falando da escritora Luciana de Gnone.
E por duas razões, a primeira delas é que há anos Luciana escreve romances policiais e queero falar sobre isso aqui hoje. Ela é autora de cinco romances do gênero, incluindo o recém-lançado Crimes em Copacabana, que eu li numa sentada só e recomendo fortemente.
Luciana de Gnone e eu mais recente livro (fotos divulgação)
A segunda razão é porque, conversando com Luciana na semana passada, pedi permissão para utilizar o mesmo tema e informações que ela trouxe na newsletter que produz semanalmente, a #Evidenciando – que também recomendo que você assine.
O tema da #Evidenciando na semana passada tem tudo a ver com esta news #Isso não é coisa de mulherzinha, pois nos trouxe um panorama muito interessante sobre mulheres que produzem literatura policial, de suspense, thriller, terror e mistério, território que há muito tempo é dominado por homens.
Tudo começou com uma visita de Luciana a uma livraria do Rio de Janeiro, onde mora, e constatou que metade dos livros expostos na sessão de romances policiais e afins, eram escritos por mulheres. E, aí feliz da vida com a imagem, Luciana comentou em sua news:
“Como romancista policial e leitora, percebo essa tendência com bastante otimismo. Não é só lendo reportagens sobre o tema, a mudança é visível nas livrarias”.
Imagem postada na newsletter #Evidenciando
A escritora então citou o artigo intitulado “Suspense escrito por mulheres domina mercado: não somos mais ignoradas”, publicado em junho pelo Portal UOL. De acordo com o Portal, na primeira semana daquele mês, entre os cinco livros de ficção mais vendidos, segundo o jornal The New York Times, dois eram do gênero e ambos escritos pela americana Collen Hoover.
A matéria citava ainda outras autoras que vêm se destacando no gênero e que foram entrevistadas pela jornalista brasileira Rafaela Polo. São elas Seraphina Nova Glass, Lisa Jewell, Sarah Pearse e Alyssa Cole. Todas traçaram um panorama interessante sobre o crescimento da participação de mulheres neste gênero literário. Com um detalhe: nenhuma delas brasileira.
Imagem do Portal UOL, junho de 2022
“Mas… assim como esse artigo foi inspirador ao mostrar que o mercado vem crescendo e abrindo espaço para nós mulheres autoras, provando de uma vez por todas que nossos escritos estão conquistando os corações dos leitores, um detalhe importante chamou a minha atenção: o artigo publicado pela UOL, foi incapaz de citar o nome de uma autora nacional”, lamentou Luciana de Gnone.
E então a própria Luciana foi fazer a lição de casa que o Portal deveria ter feito. E fez tão bem, que me motivou a relatar aqui tudo o que ela escreveu, claro, com a devida permissão da autora.
Imagem produzida pela news #Evidenciando
Luciana citou na news autoras que admira, Patrícia Melo, Andrea Nunes, Larissa Brasil, Cláudia Lemes, Juliete Vasconcelos, Iza Artagão, Vera Carvalho Assumpção e, com toda razão, se incluiu na lista porque autoestima é tudo na vida.
E, já que informação é a riqueza que temos em mãos, vou repassar aqui as indicações de Luciana.
Patrícia Melo - Falei dela no #Isso não é coisa de mulherzinha em junho. À época, eu estava lendo o livro Mulheres empilhadas, e estava prá lá de impactada. Depois li outro de tirar o fôlego: Menos que um, ambos lançados pela LeYa, uma editora da qual sou fã.
Os livros de Patrícia Melo têm a violência urbana e o lado sombrio do ser humano com pano de fundo, o que agrade de cheio o seu público. Sua frieza contrasta com delicadezas que, vez ou outra, você encontra no texto. Patrícia Melo foi vencedora do Prêmio Jabuti em 2001, com o romance Inferno.
A autora já havia sido laureada na França, em 1996, com o prêmio Deux Océans por O matador, livro que, em 1998, também recebeu a premiação alemã Deutscher Krimi-Preis. Seu livro Ladrão de cadáveres recebeu mais dois prêmios na Alemanha, o LiBeraturpreis, em 2013, e novamente o Deutscher Krimi-Preis, em 2014. Isso para citar apenas alguns de seus reconhecimentos internacionais. Porque ela não foi citada na matéria da UOL... não saberemos.
Patrícia Melo (foto: Kyrhiam Balmelli)
Outras escritoras do gênero
As informações abaixo são da Luciana, que fez um trabalho impecável de pesquisa. Então aqui vão outras autoras que ela recomenda, nas palavras da própria:
Andrea Nunes é promotora de justiça. Vem se destacando no mercado com suas obras que mesclam suspense com situações reais dos bastidores da Justiça brasileira. Autora de Corpos Hackeados, Jogo de Cena, O Código Numerati
Larissa Brasil começou a escrever profissionalmente em 2012, como forma de vencer uma depressão. Foram muitos contos inspirados em suas raízes familiares. Vencedora de diversos prêmios, Larissa foi se especializando no gênero horror/ suspense. Seu primeiro romance foi publicado em 2019, pela editora Monomito. A garota da casa da colina ganhou o III Prêmio Associação Brasileira dos Escritores de Romances Policial, Suspense e Terror (Aberst), na categoria Melhor Livro de Suspense de 2020. Outro livro de destaque da autora é Urutau.
Cláudia Lemes é autora de mais de oito romances e roteirista. Publicou seu primeiro livro em 2012. De lá para cá vem trabalhado no mercado editorial em diferentes frentes. Mentora, ghostwriter, leitora crítica. Alguns títulos da autora: Quando os mortos falam, A segunda morte de Suellen Rocha e Inferno no Ártico.
Juliete Vasconcelos é autora e pós-graduanda em criminologia. Escritora de suspense, aborda em seus livros temas como psicopatia e outros transtornos que resultam numa série de crimes brutais. Ela é a criadora da trilogia O Ceifador de Anjos.
Iza Artagão é autora de suspense, thriller e policial. Em 2020, ganhou o III Prêmio da Aberst na categoria Autora Revelação. Seu romance Fome, um thriller jurídico que flerta com a literatura fantástica, foi finalista do Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica 2021 e Breu, novela de suspense psicológico, foi finalista do IV Prêmio Aberst.
Vera Carvalho Assumpção é criadora do detetive paulistano Alyrio Cobra, um quarentão que adora a cidade de São Paulo. Impessoal ele não é um modelo de herói. É um cara que apesar das muitas imperfeições, é profundamente humano. As histórias de Alyrio Cobra podem ser encontradas no site da autora.
E ela
Sim, Luciana de Gnone, a inspiradora do tema desta news de hoje. Comecei falando do seu livro Crimes em Copacabana, recém-lançado e que foi sucesso de vendas na Amazon, atingindo a 39ª posição da loja kindle. Estar entre os 50 e-books mais vendidos no dia do seu lançamento é um feito tão representativo, que ela foi certificada como autora best-seller na Amazon. Algo muito importante para os escritores.
Crimes em Copacabana não foi o seu primeiro livro. Ela começou a publicar em 2014 e de sua autoria eu já li os seus quatro anteriores. Súplica em Olhos Mortos, Vestígios e Delito Latente formam uma trilogia, que traz a saga da fotógrada Betina Zatser. Já Evidência 7 é o primeiro livro de uma série, que tem como protagonista a inspetora de polícia Val Ricci. Recomendo todos!
Então fica aqui a minha singela homenagem às escritoras que estão crescendo nesse gênero que sempre consideraram um território muito masculino (mesmo que todos tenham bebido na fonte de madame Agatha Christie).
E o meu agradecimento para Luciana de Gnone, que puxou uma paixão do passado e me fez voltar a ler romances policiais de boa qualidade. Sim, agradeço também por todas as informações que ela gentilmente me cedeu para que eu escrevesse essa news, na correria, depois do lançamento do MARIAS esta semana.
E por falar em lançamento
O MARIAS está na Amazon. Foram dias de trabalho intenso para que ocorresse tudo certinho no lançamento. E deu tudo certo. Por isso, agradeço a cada leitora e a cada leitor que esteve comigo e adquiriu o seu MARIAS. Espero que meus contos falem com todos vocês, já que o que está ali é resultado simplesmente das coisas que vi, ouvi e vivi. Por isso, sinto-me acarinhada por todos vocês que lerão as histórias de tantas Marias.
E se você ainda não adquiriu, é só clicar aqui https://amzn.to/3RXKGlU
E para encerrar
E se você gostou desta newsletter, curta, comente e compartilhe. Vamos juntas divulgar a literatura sobre, para e produzida por mulheres.
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Até a semana que vem.
Vanessa
Me lembrei da frase, lugar de mulher é em todo lugar, e é isso!
Quanto a ao tema, também lia muito Ágata na adolescência, e confesso que não fui adiante, obrigada pela dica Crime em Copacabana está na lista de leituras próximas.
Obrigada pela valorosa informação.
Excelente texto, Vanessa! Primeiro, transpondo da newsletter da Luciana o panorama sobre a escrita feminina brasileira no gênero policial e depois a sua relação com o gênero. Na adolescência, eu também fiz parte dos leitores não só de Agatha Christie, como também de Conan Doyle, de Allan Poe e de Georges Simenon. Hercule Poirot e Sherlock Holmes eram os meus ídolos!
Aí, o tempo passou. Enveredei por outros caminhos, onde a Literatura não constava do cardápio.
Agora, a coisa é bem diferente. Respirando livros o tempo todo - seja lendo, seja escrevendo - vou percorrer novamente este gênero e, desta vez, priorizando as escritoras brasileiras.
Mais uma vez, obrigada, Van!