Olá, tudo bem com vocês?
A quatro dias de 2024 se despedir, estou em frente ao computador pensando em minha última newsletter do ano. A vontade de escrever se entrelaça com a vontade de ler – e são muitas as leituras pendentes – dividindo-se com a imensa quantidade de afazeres que surgem com o final do ano. Fico pensando como fazer cada uma das tarefas a que me propus. Confesso, não dou conta e essa verdade acaba invadindo cada um dos meus dias de dezembro.
Antes que a ansiedade me derrube, procuro ficar feliz com o pouco que venho conseguindo. Fiz neste dezembro uma coisa que não fazia há anos: enviei cartões de Natal pelos Correios. E foi uma experiência muito bonita, o ritual de escolher os cartões, pensar em cada uma das pessoas que a receberiam, elaborar mensagens significativas, caprichar na letra em cada um dos envelopes, confirmar endereços, códigos postais e escrever isso tudo à mão. Foi uma entrega em cada simples ato. E eu amei.
O melhor é que as pessoas que me responderam, via watsapp, me relataram a deliciosa experiência da surpresa: “fazia muito tempo que não me sentia tão emocionada com uma entrega do Correio, eu só recebo boletos”, disse uma delas. Fiquei feliz. E não espero que todas respondam, mas espero que todas recebam o meu cartão.
Aí me veio a vontade de voltar a escrever cartas novamente. Escrevi muitas cartas na vida, hábito que não devia ter deixado morrer, por motivos vários. Me peguei pensando se essa ideia já não é um projeto para 2025... Sim, preciso grafar essas reticências, já que tenho planos bem trabalhosos para o ano que vem.
Voltando a dezembro, também refleti sobre meus Natais. E foram muitos. Minha neta, aos cinco anos, já sabe que Papai Noel é uma boa história, mas que não é o bom velhinho que desce pela chaminé para deixar presentes na árvore. Isso facilitou a vida dela e a da família. Eu particularmente adorei acreditar em Papai Noel na minha infância. Mas os tempos eram outros e agora ele está cada vez mais distante, até de minha neta. Assim como tantas mensagens de um mundo melhor a cada mensagem de final de ano perecem, dissociadas de tudo o que temos visto e vivido nos últimos anos.
Ainda assim, sou uma pessoa esperançosa e me comporto como tal. Acredito que o novo ano será melhor, faço planos, fico esperando a meia-noite do dia 31 para virar a página e espero por dias melhores.
Então, é isso. Uso essa minha esperança para escrever e fazer pequenas coisas as quais acredito, seja colocar mensagens de amor no Correio ou batalhar muito, de forma solidária, em várias frentes, para que o mundo seja menos excludente, mais solidário, ameno e leve para a gente viver.
Para encerrar
Li, hoje de manhã, a News “Tristeza de Estimação”, da escritora Fabiane Guimarães https://fabianeguimaraes.substack.com/ Amo os textos de Fabiane, autora dos romances Apague a luz se for chorar e Como se fosse um monstro, ambos publicados pela Alfaguara.
Nela, a autora traz uma discussão muito interessante sobre a literatura contemporânea brasileira e a nossa difícil missão de sermos lidas. “Fico besta, e até um pouquinho chateada, quando escritores nacionais já reconhecidos e publicados listam suas referências e deixam de fora os próprios colegas. Ou quando aspirantes a escritores admitem que não leem literatura brasileira contemporânea. O segundo caso é ainda mais grave”, diz ela. E continua: “Como você pode ter a pretensão de entrar em um mercado sem conhecer quem faz parte dele (ainda mais em um mercado duríssimo como o nosso)?
E as reflexões vão além, ela também fala do mercado editorial brasileiro, do comportamento do leitor e da invisibilidade que muitos bons escritores contemporâneos, iniciantes ou não, vivem. Mas, ao final, ela é como eu, não perde a esperança. Por isso a cito nesta minha última News do ano. “… não estamos sozinhos nessa. Nem deveríamos ter a ilusão de que estamos. Os escritores de ontem alimentam os de hoje. É assim que seguimos.”
É isso mesmo, Fabiane, sigamos!
Feliz 2025!
Linda ação, "cartões de Natal pelo correio a ideia de escrever cartas...que lindo, em tempos, onde o tempo falta!
Que sejam novos tempos, para você! Para nós todos... feliz 2025